Entrevista de história oral
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Identificador:
02/9000015
collections
Coleção:
Acervo Padre Ticão
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Data:
17/04/2024
place
Abrangência:
São Paulo (SP)
label
Metadados
Área de identificação
- Identificador 02/9000015
- Tipologia documental Entrevista de história oral
- Origem 0029 - (TIC) Documentos produzidos e acumulados pela pesquisadora Daisy Perelmutter no âmbito do projeto Padre Ticão: história oral de um “homem ponte”, ao longo do período 2023-2024.
- Data 17/04/2024
- Local de produção São Paulo (SP)
- Idioma Português
- Gênero documental sonoro
- Suporte meio digital (documento nato-digital)
- Formato gravação digital
- Relação gravação (história oral)
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Metadados
Área de contextualização
- Acervo TIC - Acervo Padre Ticão
- Abordagem individualizada
- Número de itens 2
- Acesso disponível para consulta local
- Entrevistado Elma Leda da Silva
- Entrevistador Daisy Perelmutter
- Preparador de sumário Daisy Perelmutter
- Coordenador do projeto Ricardo Santhiago
- Instituição do projeto Centro de Memória Urbana (CMUrb-Unifesp)
- Projeto de origem Padre Ticão: história oral de um "homem-ponte"
- Período de realização do projeto 2023-2024
- Data da entrevista 17/04/2024
- Ambiente da entrevista Residência da entrevistada - Ermelino Matarazzo
- Duração total da entrevista 01:23:10
- Modalidade da gravação original áudio
- Tipo da entrevista entrevista temática
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Resumo biográfico do entrevistado
Vida dedicada à comunidade e à Igreja. Ajudou a cuidar da Paróquia São Francisco. Desenvolveu uma forte ligação com o padre Ticão, com quem trabalhou por mais de 40 anos, participando de diversas atividades sociais, desde o apoio a deficientes até a distribuição de alimentos e a luta por melhorias no bairro.
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Motivação para a entrevista
Assessora do padre Ticão, na missão de trazer melhorias para as comunidades (favelas) e para a população periférica de São Paulo. Teve um papel ativo na Paróquia São Francisco, onde ajudou a fortalecer
a dimensão social da instituição e o vínculo estreito com as necessidades da comunidade.
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Resumo temático
Chegada de Elma a São Paulo aos seis anos, vinda de Itapetinga, Bahia, com sua mãe e irmãs. Infância na favela da Vila Nossa Senhora Aparecida, onde viveu em um barraco construído com apoio de outras famílias nordestinas. Desejo de se tornar professora interrompido pela gravidez. Resumo:
Chegada de Elma a São Paulo aos seis anos, vinda de Itapetinga, Bahia, com sua mãe e irmãs. Infância na favela da Vila Nossa Senhora Aparecida, onde viveu em um barraco construído com apoio de outras famílias nordestinas. Desejo de se tornar professora interrompido pela gravidez aos 15 anos. Primeiro casamento marcado por violência e separação aos 21 anos. Trabalho como cozinheira e novo casamento, marcado por tragédia com o assassinato de seu segundo marido. Início de uma longa trajetória de colaboração com a Igreja, especialmente ao lado do padre Ticão. Apoio a deficientes e participação em atividades comunitárias, como a luta por melhorias no bairro de Ermelino Matarazzo. Relacionamento de mais de 40 anos com o padre Ticão, que incluiu apoio na administração paroquial, participação em projetos sociais, e envolvimento em causas como a cannabis medicinal. A internação e a morte repentina de Padre Ticão. A vida após a partida do Padre Ticão: luto e as transformações para a comunidade. Reflexão sobre as dificuldades e desigualdades sociais na Zona Leste de São Paulo e a importância da liderança comunitária da igreja para a transformação do bairro.
- Descritor de assunto Movimentos populares; Periferias urbanas; Vulnerabilidade social; População carente; Desigualdades
- Descritores onomásticos Bruno Covas; Daniel (filho do Professor Valdir); Débora (ligada à cannabis medicinal); Dom Angélico; Dra Eliane Lima Guerra Nunes; Kaique (filho); Franco Montoro; Jair Bolsonaro; Leonel Júlio; Lívia (prima do Padre Ticão); Maria do Carmo (Casa da Terceira Idade Tereza Bugolim); Maurinho; Padre Morelli; Orestes Quércia; Padre Carlos; Padre Inácio; Padre José Maria; Padre Júlio Lancelotti; Padre Morelli; Padre Rosalito; Padre Scabelli; Padre Thomas; Regina (prima do Padre Ticão); Simone (cuidada pelo Pe. Ticão); Professor Valdir; Vila Granada – São Paulo (SP), Brasil; Vila Nossa Senhora Aparecida – São Paulo (SP), Brasil (favela)
- Descritores topográficos Anália Franco – São Paulo (SP), Brasil; Artur Alvim – São Paulo (SP), Brasil; Aparecida (SP); Cemitério Carmo II – São Paulo (SP), Brasil (cemitério); Engemix – São Paulo (SP), Brasil (empresa); Fundação Tide Setúbal – São Paulo (SP), Brasil (fundação); Ermelino Matarazzo – São Paulo (SP), Brasil; Hospital Santa Marcelina – São Paulo (SP) , Brasil (hospital); Inglaterra; Itália; Itapetinga (BA); Mooca – São Paulo (SP), Brasil; Parque Dom Pedro – São Paulo (SP), Brasil; Penha – São Paulo (SP), Brasil; Santa Inês – São Paulo (SP), Brasil (favela)
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Observações
Elma demonstrou grande disposição em contribuir para a pesquisa, compartilhando detalhadamente suas memórias, apesar de revisitar momentos difíceis de sua vida. Ela também mencionou a importância de diversas figuras comunitárias e religiosas, especialmente o Padre Ticão, com quem manteve uma relação próxima por mais de 40 anos. Durante a entrevista, Elma ofereceu sugestões de outros depoentes relevantes para a pesquisa, como Lívia, Regina, Padre Morelli e Severina, destacando suas contribuições para a comunidade.
Quando eu solicitei a minibio, ela acabou me enviando umas mensagens de áudio, que editei e reproduzo logo baixo:
" Baiana, tinha 6 anos quando cheguei em São Paulo/ Ermelino Matarazzo. Morei na Miguel Rachid durante 1 ano e meio, depois para a Comunidade Nossa Senhora da Aparecida. Conheci todos os padres ao longo dos 40 anos que vivi no bairro. Padre Inácio, ainda vivo, mora em Santa Cecília, Padre Thomas, que leva o nome da avenida principal da Vila Nossa Senhora Aparecida e Padre João e, por fim, o Padre Scabelli, que foi um padre renovador. A comunidade da Vila Nossa Senhora Aparecida apaixonou-se por ele, que era motoqueiro. Ele tentou fazer um salao comunitário, mas ficou pouco tempo. Daí, Dom Angélico transferiu o Padre Ticão para Ermelino Matarazzo, paróquia São Francisco de Assis e Padre Scabelli para a Vila Granada. A comunidade não quis aceitar o Padre Ticão em função de estarem muito identificados com o perfil renovador do Padre Scabelli. Fizeram até panfletos de cartolina para reprovar a indicação do Padre Ticão. Mas rapidamente, ele foi nos conquistando.
Padre Ticão sempre me convidada para trabalhar com ele. Fui e voltei algumas vezes. Foi um dos primeiros padres a colocar funcionários registrados. Eu há 30 anos e a Jocildes, a secretária. Padre Ticão sempre foi a frente de seu tempo. Na rua em que eu moro, na sexta-feira santa, ele queria que fizessemos gestos concretos de acolhimento: olhar as pessoas que estivessem com dificuldade, ao invés de frequentar a igreja, e oferecer comida e apadrinhar as crianças destas famílias. Juntos, fizemos o Natal das crianças. Ainda hoje, estou comprometida com a ação de presenteá-las com roupa, sapato, brinquedo encontrando padrinhos que se responsabilizam por cada uma delas. A cesta básica que conseguiamos para as famílias, incluindo carne/frango para as festas, tudo isto acabou com o falecimento dele. A comunidade ficou órfã, ficou morta.
Meu primeiro emprego foi em casa de família. Tinha 15 anos e engravidei. Assim que dei à luz ao bebê, voltei a trabalhar no Jaraguá. Aprendi a cozinhar e fiquei uns dois anos. Daí casei. O meu casamento não foi bom. Sofri todo o tipo de violência que um homem faz com uma mulher. Senti na pele. Tive deste casamento oficial três filhos. Com 21 anos, eu já era desquitada. Depois de dez anos, conheci uma outra pessoa e, neste outro relacionamento, tivemos mais dois filhos. Ele foi muito bom para mim. Juntos compramos este terreno em Ermelino Matarazzo e fizemos esta casa. Neste meio tempo, ele trabalhando na Engevix, os diretores resolveram abrir outra empresa e queriam que ele fosse o homem de confiança desta outra empresa, GRH. Isso foi no mês de novembro. Em fevereiro, ele foi assassinado por um outro funcionário. Fiquei com 5 crianças, os três primeiros nem tão pequenos. Tive que cria-los sozinha, outra vez.
Há dez anos atrás, voltei a trabalhar com o Padre Ticão. A Igreja me registrou novamente e aposentei-me com ele. Trabalhamos nos últimos três anos com a Naturopatia e alimentação natural. Eu fazia a comida e elaborava os pratos no salão da Igreja. Tinha uma cozinha grande e boa. Depois de um tempo, veio o pessoal da cannabis medicinal e começamos a trabalhar juntos. Ele ia várias vezes fazer as palestras no Rio de Janeiro e interior de São Paulo. Neste intervalo, tinha uma moça chamada Simone, que perdeu o cérebro e nós dois assumimos os cuidados dela.
Eu e o Padre Ticão tínhamos este “casamento perfeito”. Nos dávamos muito bem. Nestes 40 anos, eu saía, ia trabalhar em empresa ou casa de família e depois voltava. Ia e voltava. Eu olhava e já sabia o que ele queria. Cuidava da casa dele, das suas coisas pessoais, tínhamos até uma conta conjunta. Foi uma pessoa que nunca deixou faltar nada para mim. Comíamos muito na rua. Andei nos melhores restaurantes de São Paulo com ele".
- ■ Tipo de atividade ou evento Acompanhamento da trajetória
- ■ Especificação da atividade ou evento Vida e atuação político-religiosa do Padre Ticão
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