Entrevista de história oral
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Identificador:
02/9000023
collections
Coleção:
Acervo Padre Ticão
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Data:
21/08/2024
place
Abrangência:
São Paulo (SP)
label
Metadados
Área de identificação
- Identificador 02/9000023
- Tipologia documental Entrevista de história oral
- Origem 0029 - (TIC) Documentos produzidos e acumulados pela pesquisadora Daisy Perelmutter no âmbito do projeto Padre Ticão: história oral de um “homem ponte”, ao longo do período 2023-2024.
- Data 21/08/2024
- Local de produção São Paulo (SP)
- Idioma Português
- Gênero documental sonoro
- Suporte meio digital (documento nato-digital)
- Formato gravação digital
- Relação gravação (história oral)
label
Metadados
Área de contextualização
- Acervo TIC - Acervo Padre Ticão
- Abordagem individualizada
- Número de itens 1
- Acesso disponível para consulta local
- Entrevistado Pedro Fiori Arantes
- Entrevistador Daisy Perelmutter
- Preparador de sumário Daisy Perelmutter
- Coordenador do projeto Ricardo Santhiago
- Instituição do projeto Centro e Memória Urbana (CMUrb-Unifesp) Padre Ticão
- Projeto de origem Padre Ticão: história oral de um "homem-ponte"
- Período de realização do projeto 2023-2024
- Data da entrevista 21/08/2024
- Ambiente da entrevista Café do MAC- Ibirapuera
- Duração total da entrevista 1:09:35
- Modalidade da gravação original áudio
- Tipo da entrevista entrevista temática
- Resumo biográfico do entrevistado Arquiteto e urbanista e professor da Universidade Federal de São Paulo. Foi pró-reitor de planejamento (2013-2021) da Unifesp e coordenador da concepção e implantação do Campus Zona Leste - Instituto das Cidades, que contou com forte envolvimento e liderança do Padre Ticão. Antes disso, atuou no grupo Usina por 15 anos em mutirões habitacionais com movimentos da Zona Leste, quando conheceu o Padre Ticão. É autor dos livros "Arquitetura Nova" (2002), "Arquitetura na era digital-financeira" (2012), "The Rent of Form: Architecture and Labor in the Digital Age" (2019) e "8/1: A Rebelião dos Manés" (2024). Em 2015 a Usina foi premiada pela Federação Nacional de Arquitetos como melhor escritório do país. Na Unifesp é professor na graduação e pós-graduação no Curso de História da Arte, da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH), no Campus de Guarulhos. Foi Conselheiro titular do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo (mandato 2015-2017). É pesquisador e um dos coordenadores do Centro de estudos SoU_Ciência. Pesquisa e atua principalmente nos seguintes temas: teoria e crítica de arquitetura e arte contemporâneas, cultura e política, políticas e projetos de habitação popular, autogestão e reforma urbana, projeto de equipamentos públicos, políticas de educação superior, movimentos sociais e, mais recentemente, tem estudado guerras culturais, extrema-direita e negacionismo.
- Motivação para a entrevista Atuação no Movimento de Moradia e participação na luta pela implantação da Unifesp ZL.
- Resumo temático Início da atuação com movimentos populares de moradia, especialmente na Zona Leste de São Paulo, em parceria com a organização Usina. Diferenças entre os mutirões liderados pelo Padre Ticão e os do grupo Leste 1, que adotavam práticas mais participativas e pedagógicas. Descrição das práticas pragmáticas do Padre Ticão e de sua influência na obtenção de recursos e projetos habitacionais. Reconhecimento das conquistas expressivas de Padre Ticão, como a entrega de milhares de moradias. Reflexão sobre as tensões e cooperações entre diferentes movimentos de moradia na Zona Leste. Papel de Padre Ticão na viabilização do campus da USP Leste. Críticas ao modelo de implementação do campus, com pouca participação da comunidade. Projeto do campus da UNIFESP Zona Leste. Participação nas discussões e planejamento do campus, com destaque para a metodologia participativa defendida por Padre Ticão. Criação de um fórum paritário entre a universidade e lideranças locais para decidir sobre o projeto do campus. Pactuação de cursos ligados à temática urbana e à realidade da Zona Leste, como geografia e arquitetura. Relação próxima entre Padre Ticão, movimentos sociais e a universidade para fortalecer a educação pública na região. Desafios enfrentados para obter recursos e vagas docentes para o novo campus. Aproximação de Padre Ticão com a cannabis medicinal. Interesse despertado pela demanda de fiéis com necessidades médicas. Apoio ao pioneirismo do professor Carlini na área de cannabis medicinal e a defesa de políticas de saúde acessíveis. Características de liderança de Padre Ticão. Complexidade de sua atuação, misturando elementos de liderança comunitária e carisma messiânico. Reconhecimento de sua influência como articulador político e figura central na Zona Leste. Reflexões sobre a centralização de sua liderança e sua capacidade de mobilizar diferentes grupos e indivíduos. Momentos finais e desafios enfrentados. Ataques da extrema direita e dificuldades enfrentadas por Padre Ticão devido a suas pautas progressistas. Contato reduzido com Padre Ticão nos últimos anos devido à pandemia e conflitos no cenário político, antes de seu falecimento.
- Descritor de assunto Movimentos Populares; Lideranças Populares; Periferias Urbanas; Participação Comunitária; Direito à cidade
- Descritores onomásticos Abraham Weintraub; Aloizio Mercadante; Aziz Ab’Saber; Dilma Rousseff; Dom Angélico; Dom Helder; Eduardo Cunha; Elisaldo Carlini; Fernando Haddad; Gilberto Kassab; Erundina; Jair Bolsonaro; Joaquim Levy; João Pedro Stédile; Dom Paulo Evaristo; José Mendonça Bezerra Filho; Leda Paulani; Leonel Brizola; Luiz França (ACDEM); Maria Angélica Minhoto; Marta Suplicy; Miguel Arraes; Milton Santos; Mário Covas; Neto (Movimento de Moradia); Paulo Freire; Paulo Paim; Paulo Teixeira; Rafaela (Instituo Padre Ticão); Samantha (Pastoral Política e Fé); Silvio Sawaya; Soraya Samili; Valdir; Dom Pedro Casaldáliga
- Descritores topográficos Avenida Águia de Haia – São Paulo (SP), Brasil; Cangaíba – São Paulo (SP), Brasil; Cidade Tiradentes – São Paulo (SP), Brasil; Casa do Povo – São Paulo (SP), Brasil (centro cultural); Diadema (SP); Embu (SP); Ermelino Matarazzo – São Paulo (SP), Brasil; Fazenda da Juta – São Paulo (SP), Brasil; Guaianases – São Paulo (SP), Brasil; Guarulhos (SP); Instituto das Cidades – São Paulo (SP), Brasil (instituto); Inácio Monteiro – São Paulo (SP), Brasil; Avenida Jacu Pêssego – São Paulo (SP), Brasil; Jardim Elian – São Paulo (SP), Brasil; Joinville (SC); Leste 1) – São Paulo (SP), Brasil (movimento de moradia); Leste 2 – São Paulo (SP), Brasil (movimento de moradia); Osasco (SP); Parque do Carmo – São Paulo (SP), Brasil (parque); Paróquia São Francisco – São Paulo (SP), Brasil (igreja); Sapopemba – São Paulo (SP), Brasil; Sesc Itaquera – São Paulo (SP), Brasil (centro cultural, esportivo e social); São José dos Campos (SP); São Mateus - São Paulo (SP), Brasil; UFSC Joinville – Joinville (SC), Brasil (universidade); UNESP – São Paulo (SP), Brasil (universidade); UNICAMP – Campinas (SP); UNIFESP Diadema – Diadema (SP), Brasil (universidade); UNIFESP Guarulhos – Guarulhos (SP), Brasil (universidade); UNIFESP Osasco – Osasco (SP), Brasil (universidade); UNIFESP Zona Leste – São Paulo (SP), Brasil (universidade); União da Juta – São Paulo (SP), Brasil; USP Leste – São Paulo (SP), Brasil (universidade); Zona Leste – São Paulo (SP), Brasil
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Observações
Pedro Arantes apresentou em seu depoimento uma visão rica e multifacetada de Padre Ticão, destacando sua complexidade e a combinação de traços contraditórios que o tornaram uma liderança singular. Ressaltou o compromisso integral de Ticão com as demandas das comunidades periféricas, especialmente na Zona Leste de São Paulo, onde se posicionava como um padre de bairro dedicado à teologia da libertação, mas que gradualmente assumiu características de um líder carismático e centralizador, conhecido por suas lutas sociais em toda a cidade de São Paulo e mesmo nacionalmente. Pedro descreveu Ticão como um "coronel progressista" ou "caudilho local", capaz de mobilizar populações, políticos e recursos, ao mesmo tempo em que entregava conquistas concretas, como moradias populares e espaços educacionais – sua militância resultou na instalação da USP Leste e da Unifesp Zona Leste. No processo de construção do campus da Unifesp, foi quando Pedro teve mais contato com Padre Ticão.
Essa liderança, embora pragmática, era marcada por tensões. Ticão articulava equipes e delegava responsabilidades em diferentes áreas, mas mantinha controle sobre decisões finais e exigia estar a par de tudo, sendo às vezes ríspido e veemente em suas posições. Sua atuação era permeada por carisma, coragem e uma capacidade de incitar respeito e medo, refletindo uma imagem de "cangaceiro social" que transitava em um ambiente repleto de carências, violências e lutas. Pedro também destacou a ambiguidade de Ticão, que oscilava entre momentos de construção pedagógica e de liderança messiânica e populista. Sua capacidade de conquistar políticos e mobilizar comunidades foi acompanhada de fragilidades nos seus últimos anos, especialmente durante a ascensão da extrema direita, quando sofreu ataques pessoais e religiosos, sendo chamado de "padre maconheiro" por sua defesa da cannabis medicinal e de “comunista”, por sua defesa de direitos sociais. Apesar dessas pressões, Ticão permanece como uma figura exuberante, difícil de circunscrever, que encarnou múltiplos matizes de liderança, desde o progressismo religioso até a resistência firme em um espaço urbano de extrema vulnerabilidade.
A foto da ficha, além do Pedro Arantes e Padre Ticão, consta a ex-reitora da Unifesp, Soraya Smaili.
; Na foto, Pedro Arantes está ao lado da ex reitora Soraya Samili e do Padre Ticão. - Notas de campo Foi o último depoimento colhido da coleção e trouxe uma perspectiva crítica muito importante, operando como uma espécie de chave interpretativa para ler o conjunto todo. Pedro falou quase de forma contínua, sem intervenções minhas, e tinha claro o que considerava fundamental trazer para o seu depoimento.
- ■ Tipo de atividade ou evento Acompanhamento da trajetória
- ■ Especificação da atividade ou evento Vida e atuação político-religiosa do Padre Ticão
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